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quarta-feira, 23 de junho de 2010

BULLYING: jeito moderno de discriminar e instalar a violência escolar

RESUMO
O presente artigo versará sobre a violência presente no espaço escolar. Embora só recentemente a temática tenha ganho maior notoriedade, a violência está presente na escola, no meio dos jovens, desde épocas antigas. A escola em época de modernidade, a atividade laboral da família, tem contribuído para a ausência do acompanhamento dos filhos no cotidiano escolar. Fator significativo para o desvio de rota dos alunos. Nesse sentido, enfoca-se sobre as formas de violência presentes no cotidiano e que penetram no contexto escolar. Demonstra-se a interferência de fatores socioeconômicos, afetivos e culturais no processo disciplinar e na disseminação da violência na escola.

1 INTRODUÇÃO
Na sociedade moderna as informações circulam com rapidez. No cotidiano a mídia de forma espetacular divulga, dados, pesquisas, e cenas sobre a violência urbana, tornando-a como se fosse tema de convivência normal. São os conflitos coletivos, sociais e familiares que provocam respostas em forma de violência.
Existe a concepção de a violência agrega vários fatores, os quais podem ter raízes como, problemas familiares, sobrecarga de trabalho dos pais, maus tratos do próprio grupo no qual a pessoa está inserida. Quando se trata de jovens, a situação torna-se delicada, podendo levá-los a formar outros grupos de protestos as, “gangues” . Tudo isso se aglomera na escola, professores.
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*Pedagoga, especialista em Linguagens e Códigos e suas Tecnologias



Nesse contexto, a escola precisa assumir o compromisso, de conscientizar os jovens, pais, professores e comunidade, sobre a problemática e adotar medidas preventivas de diminuir o número de adolescentes com problemas relacionados a violência. Sugere-se viabilizar projetos, orientar professores para trabalhar com o objetivo de sanar a questão.
A escola em seus processos metodológicos procura meios, que possa favorecer o ensino-aprendizagem e o desenvolvimento da comunidade a qual está inserida. Construir um mundo novo de descoberta e valorização do conhecimento.
Ressalta-se que é importante da elaboração e execução de projetos com a participação da comunidade no sentido de favorecer a relação escola comunidade e conseqüentemente a melhoria das condições de vida. Pois, a organização escolar define-se como unidade social que serve as pessoas que interagem entre si, intencionalmente, operando por meio de estruturas e de processo organizativos próprios a fim de alcançar os objetivos educacionais.
Portanto, espera-se contribuir de modo significativo, para que a escola, ambiente de pesquisa, os professores e gestores, percebendo-se como sujeitos do processo, possam atuar de modo competente e participativo nas práticas de conscientização e em projetos, aprofundando os conhecimentos para contribuir favoravelmente no sentido de eliminação da problemática e assim, promover o resgate e a inclusão social do educando

2 INDAGAÇÕES CONCEITUAIS


Nesse sentido, busca-se alguns conceitos e indagações sobre a violência. Na visão de Shilling:
Há violência diversas implicando atores (sujeitos) diversos e acontecendo sob formas diferentes (violência, física, psicológica, emocional, simbólica). A exigir respostas diferentes. De diferentes dimensões – macro e micro -, que se relacionam entre si de maneiras peculiares. Em todos os casos, há agressores específicos e há vitimas. ( 2004, p. 35).
Na opinião de Abramovay (2004, p. 14)
Violência são atos reais, muitas vezes de sangue, de órgãos arrancados, de grito, de pessoas desfiguradas é o que dói. Mas nem todas as ores são físicas e, não necessariamente, todos sentem a dor com a mesma intensidade, pois cada época e em cada sociedade as representações e os sentimentos em relação à violência variam.

Shilling (2004, p. 37) Apud Michaud (1989), [...] a violência, está associada a uma força que em si não é nem boa nem má, é uma força que vai além dos limites e que escapou das previsões, e uma força em um mundo considerado “estável e regular”.
Abramovay, (2004, p. 38) Apud Chaui (1999: 3-5)) diz que a violência é:

1)Tudo que age usando a força para ir contra a natureza de alguém (é desnaturar);
2)Todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém, (é coagir, constranger, torturar, brutalizar);
3) Todo ato de transgressão contra o que alguém ou uma sociedade define como justo como direito. Conseqüentemente, violência é um ato de brutalidade, sevicia e abuso físico ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação pelo medo e pelo terror. A violência se opõe à ética porque trata seres racionais e sensíveis dotados de linguagem e de liberdade, como se fossem coisas, isto é, irracionais, insensíveis, mudos, inertes ou passivos.


2.1 A VIOLÊNCIA ESCOLAR – O BULLYNG

Sabe-se que a escola é o local de socialização onde se processo a aprendizagem. É o espaço onde capacita o sujeito para sua inserção na sociedade. Nesse sentido, a escola deve possibilitar o desenvolvimento de habilidades fundamentais para a formação do cidadão critico. E ainda, auxiliar o sujeito no processo do:
- aprender a conhecer –o que implica em disponibilizar a cultura geral que permite o aprofundamento em qualquer conteúdo;
- aprender a fazer que significa preparar os jovens em competências técnicas e profissionais, para o mercado de trabalho e ainda, para saber executar tarefas em equipe;
- aprender a viver juntos – que é o saber respeitar as diferenças, reconhecendo o outro, sua cultura e sua diversidade;
- aprender a ser – que significa despertar no educando a visão critica da vida.
No entanto, a escola agrega no seu espaço, sujeitos com suas desigualdades sociais, econômicas e culturais, o que reflete nas relações e que causam de certa maneira a exclusão escolar. Diante disso, a escola deve superar os obstáculos, da evasão, repetência. Isso implica em elaborar uma proposta pedagógica que disponibilize conteúdos que fazem sentido para os educandos.
Assim, o educador precisa compreender as subjetividades, os sentimentos e as capacidades dos alunos, pois, são pessoas jovens que tem gostos e desejos os quais não devem ser reprimidos na escola. Além das culturas juvenis, a escola tem que convier com uma série de diferenças marcadas pela etnia, pelo sexo, por necessidades especiais, além de outras diversidades, que se mostram e querem ser ouvidas e percebidas no seu interior. A educação possui para além dos conteúdos científicos uma função social formadora. Portanto, cabe a escola, buscar uma prática pedagógica equilibrada, que atenda a essa multiplicidade de valores.

Considerando as experiências sociais, culturais e intelectuais dos alunos, a escola deve proporcionar-lhes novas experiências que possam enriquecer seu universo de conhecimento, levando aos alunos experiências que embora não estejam ao alcance de todos estão presentes no mundo. Na escola temos os espaços ideais para a transmissão da cultura interior.”(ABRAVOVAY, 2006, p.28).

Isso significa que a escola precisa ser parte integrante na comunidade, para conhecê-la bem, a fim de poder preparar seus alunos para vida em comum e colaborar para a melhoria e o progresso dessa comunidade. “Participar da vida da comunidade é trabalhar junto com ela”.
Na realidade a relação professor aluno, acontece de forma como se operaria uma máquina, cujo funcionamento ainda se desconhece ou não se compreende. Nesse contexto, ocorre uma distorção do ato de ensinar, pois, a prática se reduz a um aglomerado de símbolos e ideais. Porém, o compromisso com a humanização desse ato promove a interação coletiva entre professor-aluno e aluno-aluno.
O professor deve reportar-se ao seu fazer a sua reflexão sobre a sua função com o ser concreto – pensar no seu mundo de atuação, ter consciência de que sua matéria prima é a formação de novos cidadãos. Contudo o professor precisa criar espaços, tempos de cooperação, de relações, de trocas amorosas, de generosidade. A escola precisa desses nutrientes e projetos sociais para todos.
O educador deve saber intervir, criticar no momento certo, e ainda, através de conversas livres, em debates, sem rótulos e sem expor o educando ao ridículo. Isso implica numa conversa franca, de amizade de solidariedade, sem constrangimento.
Portanto, para o educador manter um clima de parceria, de elevação da auto-estima, no espaço sala de aula, é necessário levar em conta o conhecimento da realidade, em que faixa etária se localiza os alunos e ainda, das narrativas de cada um. Pois, trabalhar as habilidades sociais implica em criar oportunidade para que os educandos reconheçam seus sentimento e os dos outros, para saber as palavras e ações corretas para expressar esses sentimentos e para saber identificar e controlar reações indesejadas de incertezas.
Compreende-se a violência como um ato de opressão que incorpora a violência física, psíquica, humilhação, vergonha, da fome e da miséria e da exclusão e discriminação contra o ser humano. A violência entre crianças e jovens tem aumentado. Segundo dados, 30% dos suicídios entre jovens são causados pelo bullying.
Atribui-se o aumento da violência a fatores que iniciam no lar, aos pais atarefados em busca de seus afazeres laborais que acabam por ignorar determinadas manifestações no comportamento dos filhos. A escola, professores também, não percebem essas situações, ninguém tem tempo para averiguar o que esta acontecendo.
Define-se o bullying como toda e qualquer maneira de comportamento agressivo que é intencional, doloroso o qual pode ser de ordem: física, emocional e psicológica e persistente. Essa prática se manifesta de forma repentina, a vitima pode sofrer agressões, sociais, ter seus pertences roubados, entre outras diferentes formas de violência.
Bullying é uma expressão inglesa aplicada nas escolas para definir o comportamento de crianças e adolescentes que tem a capacidade de infernizar a vida de seus colegas. Manifesta-se através do ato de: humilhar, constranger, ofender, dizer piadas de mau gosto ou dar apelidos pejorativos. São esses os ingredientes maléficos que compõem o bullying.
O fato se agrava com mais uma ferramenta a seu favor a Cyberllying, forma que utiliza a tecnologia quando a criança ou jovem é agredida através do vídeo com cena de violência e postada na web.
Constata-se em crianças e jovens vitimas do bullying, a falta de interesse pelos estudos, o que baixa significantemente o rendimento da aprendizagem. E ainda, eles solicitam a companhia de adultos, reclama de dores, cabeça de barriga e insônia. Nesse contexto, a família e a escola devem observar quando a criança ou jovem apresenta a manifestação de alguns desses sintomas, para poderem ser resolvidos a tempo.
Observa-se que isso acontece com maior freqüência com jovens e crianças de menor poder aquisitivo, que se encontram mal vestidos, que são os negros ou gordos e geralmente, com criança sensível, tímida e com dificuldades de relacionamento.
No entanto, as crianças e jovens que adotam o bullying, são aquelas que gostam de exercer o poder e de ter controle sobre a situação. A característica marcante é ganhar sempre e desafiam os adultos. Quando se instalam situações de bullying no meio das crianças e jovens, elas ocorrem de formas diferenciadas. As meninas utilizam da forma de denegrir a imagem de suas colegas e na frente dos adultos se mostram como pessoas boas. Os meninos, dotados de força, xingam, agridem verbalmente e intimidam os colegas.
A violência presente na escola se manifesta de diferentes formas, entre outras, citam-se a física, a simbólica ou institucional e as microviolências.
a)Violência física é a intervenção física de um sujeito contra a integridade de outra pessoa, ou contra si mesmo, através de práticas de furtos, homicídios, vandalismo, trafico e violência sexual;
b)Violência simbólica ou institucional – manifesta-se nas relações de poder que não se nomeia, que se estabelecem de forma oculta e assume relações de autoritarismo;
c)Microviolências – caracterizadas pelas relações de humilhação, falta de respeito, quebra de normas de convivência que prejudicam o clima escolar.
É necessário a escola, pais e professores buscarem alternativas para evitar essas práticas de violência no espaço escolar, pois, o bullying contribui para instalação de doenças,, como: depressão, ansiedade, uso de drogas e as vezes até suicídio.

3 CONSIDERAÇÕESFINAIS

Compreende-se que a escola não deve ser autora de processos violentos, pois, seu interior é um lugar de expressão de diversidade: filosófica, religiosa, étnica, entre outras. E ao mesmo tempo, a escola é o espaço de resolução dos conflitos e de prevenção da violência.
Constata-se que a criança ou jovem com sua auto-estima diminuída suas fraquezas expostas, motivadas pelo medo de serem agredidas e humilhadas acabam enveredando pelo abandono da escola ou a queda no rendimento escolar e ainda, pode desencadear a depressão.
No entanto, o autor dessa violência a pessoas que pratica o bulling, não deve ser punida e sim tratada, acompanhada, pois, na maioria dos casos, é alguém com problemas de insegurança, de relacionamento social, que vivencia, a rejeição, humilhação, de pouco cuidado por parte da famílias desestruturada.
[...] o poder de subestimar o outro, de usá-lo, de fazer dele um personagem, côo uma caricatura. O poder que a agressividade traz aos fracos vem da intimidação que praticam, a qual gera sofrimento para quem tem dificuldade de se defender.(EDUCAÇÃO, 2007, p. 121).

Neste contexto, a escola deve estar aberta às parcerias às mudanças sociais, pois, a participação dos diferentes atores no processo pedagógico, torna-se viável a criação de novos mecanismos democráticos de dialogo e de aceitação das diferenças.
Nesse sentido, a escola deve ser espaço de disseminação do conhecimento e de proteção, que estimula o adolescentes e jovens a se desenvolverem no campo do conhecimento, das relações sociais e das práticas coletivas. Assim, os professores tornam-se parceiros fundamentais para o desenvolvimento da auto-estima dos alunos, permitindo o dialogo, entre os atores para que dessa maneira se tornem integrados e participantes da dinâmica escolar.
Ressalta-se a importância da aproximação e participação da família na escola como mecanismo de busca da melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem. Nesse caso, sugere-se a elaboração e execução de projetos de convivência escolar, com o objetivo de uma dinâmica de aprendizagem, mais democrática. Nesse sentido, a escola deve fazer o diagnostico para saber como se encontra a escola, e identificar os aspectos que devem ser modificados, através do debate interno com os agentes sociais, tendo o foco no estabelecimento de relações de melhor qualidade.
A escola precisa assumir o compromisso, de conscientizar os jovens, pais, professores e comunidade, sobre a problemática, bem como, e adotar medidas preventivas para diminuir o número de adolescentes indisciplinados no contexto do ambiente pesquisado. Sugere-se viabilizar projetos, orientar professores para trabalhar com o objetivo de sanar a questão.E ainda, orientar as crianças e jovens que sofrem esse tipo de violência para não responderem às provocações.
A escola em seus processos metodológicos procurar meios, que possam favorecer o ensino-aprendizagem e o desenvolvimento da comunidade a qual está inserida. Construir um mundo novo de descoberta e valorização do conhecimento.
Ressalta-se a importância da elaboração e execução de projetos com a participação da comunidade, no sentido de favorecer a relação escola comunidade e conseqüentemente a melhoria das condições de vida. A organização escolar define-se como uma unidade social que serve as pessoas que interagem entre si, intencionalmente, operando por meio de estruturas e de processos organizativos próprios a fim de alcançar os objetivos educacionais.
Portanto, espera-se contribuir, de modo significativo, para que na escola, ambiente de pesquisa, os professores e gestores, percebendo-se como sujeitos do processo, possam atuar de modo competente e participativo nas práticas de conscientização e na elaboração de projetos, aprofundando os conhecimentos para contribuir favoravelmente no sentido de eliminação da problemática e, assim, promover o resgate e a inclusão social do educando

Conclui-se que a educação escolar torna-se responsável pela superação das diferenças. E a escola existe para desenvolver nos alunos as competências e habilidades para o exercício da cidadania de seus educandos. E ainda, o bom professor , cumpre a figura de apego, ao estabelecer boas relações com seus alunos, nutriente que desenvolve a aprendizagem. Este componente chamado pedagogia da afetividade que muitas vezes está oculto na ação pedagógica, mas contribui de forma significativa na relação entre o ensino e a aprendizagem.


REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY,Miriam. Caleidoscópio das Violências nas escolas. Brasília: Missão Criança, 2006.
CAHUI, Marilena. Senso Comum e transparências. In.: O preconceito.São Paulo, Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania./Imprensa Oficial, 1996/1997.
EDUCAÇÃO 2007. As mais importantes tendências na visão dos mais importantes educadores. Humana Editora Ltda. Curitiba, PR: 2007.
MAIA, Paulo Borlina. Vinte anos de homicídios no Estado de São Paulo: A violência disseminada. São Paulo em Perspectiva. Revista da Fundação Seade, v. 13, No. 4, out./dez. 1999.
REVISTA. Isto É. Ano, 34, No. 200, 21/abril/2010.

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